domingo, 7 de julho de 2013

PENSANDO AINDA SOBRE IDENTIDADE, E SOBRE O ESPETÁCULO "A DAMA DO MAR"

Hoje é o último dia da temporada do espetáculo "A Dama do Mar" (dirigido por Bob Wilson, texto de Susan Sontag baseado na peça de Henrik Ibsen) no SESC Pinheiros.
Assisti no fim de semana passado e gostei muito.

O que mais me toca na peça - porque é um assunto que realmente me fascina -, é a questão da identidade e dos papéis que assumimos no mundo, se eles nos são adequados ou não, e a importância de viver o papel que realmente nos cabe.

A "dama do mar" é uma personagem que não se identifica com o casamento que acabou assumindo apesar de ter sempre, em sua vida, se identificado com outras histórias que têm o mar (inconsciente, liberdade?) como centro. Ela, como "criatura do mar", não pode, por mais que se iluda, simplesmente transformar-se na esposa do médico da província.

(o único crédito que encontrei para a foto foi "Divulgação"...)
Claro que há aí também uma alusão a uma certa retirada sistemática da identidade da mulher pela falta de opções imposta a ela por tanto tempo. Esta é uma coisa que fica clara na repetição da situação do casamento da "dama do mar" no casamento que fará sua enteada, a filha do médico: para poder ter acesso a uma vida qualquer fora dos domínios de seu pai, ela aceita casar-se com o seu antigo professor, sujeitando-se também a um papel que certamente não é o seu.

Foto de Luciano Romano
Bem, não conheço o texto de Ibsen, mas gosto muito de Sontag. 
E, se as sereias ou outros seres existem ou não, é uma questão sem tanta importância aqui. Importa que nós existimos, e é melhor não trair o que somos.

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